Encerrei a minha empresa
Nem tudo é bom no empreendedorismo. Fracassos fazem parte da jornada. Razões que me levaram a encerrar a minha empresa
Não é agradável dizer que encerrei a minha empresa pessoal, ou melhor a minha empresa unipessoal. Mas não há nada para esconder.
Como já anteriormente afirmei, só quem tenta pode falhar. Mas aprendi muito com mais este insucesso. Mais do que a aprendizagem em relação a negócios, este insucesso trouxe-me 3 coisas mais valiosas. A primeira foi o rumo, o que quero fazer na minha vida profissional, a segunda é que muitas coisas são perdas de tempo e para finalizar, percebi que tenho de me focar em aumentar os meus rendimentos.
A minha empresa foi criada para dar suporte a uma ideia de negócio que nunca cheguei a apresentar aqui. Só isto mostra que o desenvolvimento da ideia não correu muito bem. Lamentavelmente utilizei uma linha de apoio ao empreendedorismo, financiamento (quase sem juros). Para ter acesso ao financiamento tinha de constituir uma empresa. Lá está, criar empresas pelas razões erradas. Para encerrar a empresa liquidei esse financiamento, pois o mesmo até era um valor baixo! Aproveitar juros baixos custou-me muito. O endividamento por vezes prejudica mais do que ajuda.
Porque falhou a minha empresa/ideia?
Quando escrevi o artigo porque falham muitos negócios online apontei vários aspectos que condicionam uma ideia ou projecto online. No meu caso pessoal, foram vários, o capital foi o apenas o primeiro. O capital é importante em qualquer negócio. Pois sem dinheiro não é possível investir. Se bem que com recurso a capitais próprios também é possível desenvolver ideias de negócio, a velocidade é que tem de ser outra.
Mas a principal razão do falhanço foi não ter uma equipa, exactamente, para desenvolver certos projectos é mesmo necessário uma equipa (programador, gestão de redes sociais, assistente de vendas e jornalistas). Pois se existem muitas tarefas é necessário ajuda, dividir tarefas. Fazer as coisas sózinho não resulta. Na gestão de empresas e negócios temos de delegar tarefas. A alternativa é utilizar prestadores de serviços e freelancers para ajudar na execução das tarefas. Neste campo até contratei serviços de freelancers, por exemplo para o design e programação. Também tentei fazer o mesmo para a gestão das redes sociais. Percebi facilmente que ficava muito mais económico contratar uma pessoa a tempo inteiro do que faze-lo através de prestadores de serviço.
Também me faltou um escritório mais profissional. Para acolher pessoas é necessário ter um espaço com qualidade e algumas condições. Até tive um escritório, mas não muito profissional. Só este tema dos escritórios ou locais para trabalhar origina mais 2 ou 3 ideias de negócio, que hei-de partilhar.
O dinheiro é importante
O capital é importante, pois é o que nos permite pagar os salários, as rendas e o investimento em publicidade. Mas há sempre alternativas, existem diversas formas de capitalizar uma empresa, e também há uma série de formas de financiar uma ideia de negócio. As 2 formas mais simples que conheço é através de um investidor (pode ser capital de risco) e utilizando o nosso próprio capital. Existem várias soluções quando precisamos de dinheiro para um negócio, um exemplo é vender o que pode ser vendido.
Por vezes é necessário arriscar, mas gosto de arriscar com cabeça, tronco e membros. Investir no limite (ou mais do que podemos) com probabilidades de falhar pode ser um desastre. A gestão do nosso património não pode ser feito de cabeça no ar.
Podemos facilmente perceber que muitas ideias de negócio nunca arrancam e há também muitas que falham por falta dos meios necessários. Mas isso não serve de desculpa. Pois a minha ideia de negócio podia ter sido desenvolvida de outra forma, em modo mais lento (fazer à medida que tenho tempo). Com um controlo dos custos e dos investimentos. Na verdade quase todos os meus negócios foram assim desenvolvidos, pese embora por vezes de forma pouco organizada. Este é um aspecto a melhorar.
A gota de água que fez tomar a decisão de fechar a empresa foi o PEC (pagamento especial por conta). Quando a contabilista me disse que tinha 500€ para pagar, decidi encerrar a empresa. Existem 2 prestações de PEC por ano, é um adiantamento de IRC.
O pior foi mesmo …
Uma das coisas que mais me custou, não foi o dinheiro que perdi. Foi perder a motivação e foco nos meus outros projectos. Ninguém gosta de falhar. Não ter disposição para escrever no blog, e até tinha assuntos que gostava de partilhar.
Sinto-me bem quando publico artigos, faz-me sentir útil. Não atingir os objectivos ou metas que me proponho chateia-me. Se as coisas correm pouco bem continuadamente, é natural e até compreensível que ao fim de algum tempo se perca alguma motivação, foco e até interesse.
Uma empresa tem custos
Para se ter uma empresa é necessário ter algum capital pois a mesma necessita de satisfazer as suas necessidades, como pagar ao contabilista, impostos e investimentos. Uma empresa é um veículo óptimo com vista à optimização fiscal, disso não haja dúvidas. No entanto é necessário alguma almofada financeira para a sustentar enquanto não chegam as receitas. A lição que se tira é que para facturações pequenas não é conveniente constituir uma empresa. Para dar forma legal ao negócio pode ser através de eni (empresário em nome individual).
O que falhou
Houve muitas coisas que falharam, mas o essencial foi a estratégia de desenvolvimento da ideia. Há um conjunto de pequenas coisas que não correram muito bem.
Percebi que eu ganho pouco, o meu foco nunca foi ganhar muito dinheiro, sempre achei que com o crescimento dos meus projectos as receitas iam acabar por aumentar. Vivia das receitas da publicidade, ora, as receitas da publicidade caíram bastante nos últimos anos. Não foi tudo mau, ao perceber que precisava de mais receitas lancei-me nas vendas online. Esta pequena alteração significou muito para mim, mesmo que ainda não facture muito percebi qual era o caminho a seguir ;-)
A ideia de negócio que me “obrigou” a abrir a empresa continua a ser boa , tanto que não vou desistir da mesma, apenas a vou desenvolver em modo part-time.
Encerrar a empresa foi positivo
Este é a parte boa, depois de encerrar a empresa e passar essa ideia de negócio para 2º plano parece que renasci, ganhei um novo foco. Saiu um peso de cima de mim. A pressão das vendas ou da facturação não foi positiva. Para sermos criativos e podermos estar focados por vezes não é bom ter pressão.
Após o encerramento passei a sentir-me com força para voltar a trabalhar nos meus projectos como antigamente. Agora sou novamente empresário em nome individual, as diferenças até nem são muitas (no meu caso). Mas é diferente. Com um pouco de sorte talvez tenha de abrir outra empresa em 2017 . Vamos ver.