É perigoso investir na bolsa portuguesa
Alerta sobre o investimento na bolsa de Lisboa. Apresentação de alguns factores que levaram à desconfiança para investir na bolsa
Investir na bolsa acarreta riscos, e na bolsa portuguesa os últimos anos não têm sido positivos para os investidores. Poderia dizer-se que foi uma fase descendente, mas na verdade há empresas que já não voltam. Várias foram as empresas que desapareceram. O nosso mercado de capitais é cada vez menor.
Existem cada vez menos empresas onde investir e os sectores também são reduzidos. Mas o problema maior não reside propriamente no número de empresas disponíveis para investir.
A gestão de grandes empresas não é diferente de gerir um pequeno negócio, apenas os números são diferentes. Exige até mais responsabilidade, pois nas empresas onde o gestor é também o proprietário, caso perca dinheiro, está a perder o seu próprio dinheiro. No caso das empresas cotadas, a equipa de gestão se perder dinheiro, está a perder o dinheiro de outros, e como se sabe é bem menos doloroso.
O mercado de capitais em Portugal está moribundo
A descredibilização do mercado de capitais em Portugal tem origem nos inúmeros casos que lesaram os pequenos acionistas, nalguns casos até os grandes acionistas. Poucas serão as empresas geridas de forma isenta e correcta. Assim é muito difícil captar investidores.
A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários terá esse papel. Defender os interesses dos investidores, mas como poderemos depressa compreender, é muito difícil actuar na raíz do problema. Pois na gestão das empresas e na tomada de decisão é praticamente impossível controlar ou orientar.
“A CMVM – Comissão do Mercado de Valores Mobiliários foi criada em Abril de 1991 e tem como missão supervisionar e regular os mercados de instrumentos financeiros, assim como os agentes que neles atuam, promovendo a proteção dos investidores.
A gestão das empresas cotadas até possui regras, mas depois é muito difícil proteger os investidores. Se por um lado são os investidores que elegem a administração das empresas, por outro lado, isto passa ao lado dos pequenos acionistas e da CMVM. Assim com 50% + 1 acção toma-se conta de uma empresa. Não podemos esquecer que existem mais acionistas! Há formas de disciplinar o funcionamento das empresas, através do Código das Sociedades Comerciais.
Existe o Corporate Governance, os termos em inglês são giros e ficam bem, especialmente na zona dos sites dedicada aos investidores. Basicamente vêm dizer que a gestão será isenta e actuará em benefício dos investidores. É bonito de se ler, na pratica, o papel aceita tudo.
Exemplos de como é perigoso investir na bolsa e como o pequeno investidor sai muitas vezes a perder
Empresas de energia
A criação de um imposto sobre as empresas que actuam no mercado da energia, é retirar dinheiro do bolso dos investidores. Os impostos devem ser genéricos, iguais para todas as empresas, sem bem que possa haver impostos especiais. Na minha óptica não me parece bem, privatizar uma empresa e depois sugar os rendimentos através de impostos.
Autoestradas
É um caso de estudo, o exemplo típico de como quem gere uma empresa faz o que quer. De relembrar que esta empresa foi adquirida pelo gestor. Uma concessionária de estradas nunca dá prejuízo, pois caso não exista trafego nas estradas concessionadas (a fonte de receitas) o Estado paga uma indemnização.
No mínimo há 20 anos que existem portagens automáticas, (sem recurso a portageiros, com pagamentos manuais), pois bem, quando é que foi que apareceram em Portugal? Este sistema permite poupar milhões nos gastos com pessoal.
Telecomunicações
Uma das empresas portuguesas de topo, um exemplo das melhores praticas de gestão nas universidades (no passado), é hoje caso de estudo na destruição de valor para os acionistas. Com uma operação de fusão, destruíram uma empresa.
Mas onde é que já se viu, numa fusão ser a empresa mais pequena a tomar conta da empresa resultante?
Banca
A banca tem-se revelada péssima para investimentos. As dificuldades dos bancos resultaram de praticas de gestão pouco recomendadas, supervisão e regulamentação pouco adequada.
A forma como a banca em geral tem actuado nos últimos anos e nos casos que têm sido noticiados, também podemos encontrar diversas irregularidades na gestão. Uma máquina de destruição de valor e de acumulação de perdas para investidores de todas as dimensões.
Participações cruzadas
Uma empresa cotada tem uma grande parte de outra empresa cotada, ou outras, nada de especial se foram empresas SGPS, empresas que investem em outras empresas, nada de errado. Já participações cruzadas entre empresas concorrentes, tem pouco de ético, e quando uma empresa afunda leva as outras consigo.
O pequeno investidor nada pode fazer. Ao investir numa empresa os investidores ficam expostos a outras empresas sem terem conhecimento disso. Toda esta informação deveria estar bem visível nos sites das empresas cotadas.
Ainda existem algumas empresas da bolsa onde se pode investir, até ando com ideias de voltar a investir na bolsa portuguesa, mas estou consciente dos perigos. É necessário estudar bem as empresas onde se investe para reduzir as probabilidades de surpresas.